Acordei por volta das sete da manhã com o telemóvel a tocar e a vibrar freneticamente no tampo da minha mesa-de-cabeceira. O coração apertou um pouquinho quando vi o número do teu pai estampado no visor. Os músculos do meu abdómen contraíram de dor, era como se te sentisse sair de mim, as dores intensas de amor que a tua mãe (a minha filha) sentia eram as mesmas que eu também sentia. Respirei bem fundo e atendi.
Ouvia-se uma voz cheia de felicidade do outro lado.
— “A sua pequenina já nasceu, parabéns avozinha” — foi o máximo que consegui ouvir, uma explosão de adrenalina invadiu o meu corpo de alto a baixo como uma corrente electricamente pronta a dar uma descarga de 180 voltes. Sou avó!-a mente divagava sobre aquela palavra “avó, avó, avó” -repeti delirantemente, seria mesmo verdade ou seria só um sonho.
Completamente assolada num turbilhão de sentimentos deambulei pelos corredores que davam acesso ao quarto onde a minha filha estava. Espreitei pela brecha da porta e lá estavas tu numa caixinha de vidro. As mãos tão pequeninas, pendiam sobre a mantinha que se estendia sobre o teu corpo tão pequenino. Uma pulseira rosa enrolava-se sobre o teu pulso em miniatura indicando toda a tua informação:
“Nome: Isadora Sofia Silva Gomes
Peso: 3,400 kg”
"Hora: 06:30 da Manhã"
Tomei-te sobre os meus braços levemente com medo de acordar-te- tu remexeste-te e abriste os olhos-soube directamente só de olhar para ti que te amaria até ao fim dos meus dias. Eras a minha segunda filha. Amar-te-ia quando os teus lábios se enchessem para dizer pela primeira vez "avozinha". Acompanhar-te-ia nos teus primeiros passos da tua vida, nas tuas decisões mais marcantes, nos teus choros mais suplicantes e viveria por ti, só por ti!
Cláudia Lopes
Imagem retirada da Internet:
https://m.mensagenscomamor.com/querida-mamae
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