Gosto de quando os olhos se fecham e a mente voa para além do imaginável. Tele transportar-me sobre uma folha branca e linhas soltas que se estende na mesa vasta de gotículas bisbilhoteiras de tristeza que padece sobre as palavras ditas em vão. O sonho que me leva corta-me o alento numa espécie de dúvida metódica de um mundo perfeito que nunca existirá. E se as palavras ditas em vão tocassem bruscamente na palavra, mentira? Seria um adultério quase meticuloso em que as bocas se cozessem fugazmente numa linha contínua em que as marionetas da cusquice e palavreado quase mudo se denunciassem logo em seguida.
Mentiras, mentiras, verbo mentir! Conjugado pela mente da gente numa atitude presunçosa num elogio permanente às almas do diabo. E se ninguém conseguisse mentir?
O mundo padecia de verdade que dói numa dor agoniante em que os berros de demónios ecoassem pelas ruas ínferas. Seria possível, sim! Se as mentes se calassem! Os ruídos que proferem alucinam-me o sonho do qual não quero acordar, a verdade predomina e as bocas cozem-se sobre a agulha e o sangue escorre lentamente.
Engraçado, quando o advogado vem em defesa própria defender o nosso percurso de uma sociedade mentirosa que lamuria em grande clamor e a verdade caí sobre a mesa. Um modelo de colectividade perdida e manipuladora ausentes de valores que hipnotizam o passado, o presente e o futuro do mundo. É da verdade que o homem foge e se refugia. Mentira, sentimento abstracto que serve para animar as almas em desassossego que fogem da verdade.
As almas ferem-se numa vida que lhes rouba o sossego de quem domina as palavras nuas e cruas, de quem não consegue mentir. Não é preciso mostrar a beleza aos cegos, mentir é um dom que o mundo não merece.
Cláudia Lopes
Imagem retirada da Internet:
https://lamenteemeravigliosa.it/vivere-circondati-sentirsi-soli/
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