A chuva escorria pelos vidros do vagão 23 sobre o sol sonolento da madrugada e os ferros alinhavam-se ao fundo, rangiam sobre os meus pés descalços e o coração tremia de ansiedade. Ela iria entrar na próxima estação.
As árvores dançavam ao sabor do vento
Em pequenos movimentos
Ora apressados
Ora lentos
E o comboio chega num frenesim
Quase sem fim
O ferro range
O chão treme
E finalmente
Ancorando na estação
A multidão
Corre, subindo, marinhando
Por entre as portas acima.
Ela sobe pela escadaria da carruagem docemente com passos lentos numa coreografia clássica. Traz um vestido da cor do céu, um sorriso comprometedor no rosto ansiando por ver-me.
Beijo-lhe os lábios e sussurro-lhe ao ouvido — Estaremos só nós os dois — com um sorriso comprometedor, abraço-a. As minhas mãos acariciam-lhe a pele nua e ela geme por entre os meus braços numa urgência aumentando a temperatura entre nós.
O comboio treme numa curva acentuada e ela dança montada por entre as minhas coxas. Acaricio-lhe a pele nua em rodopios leves. O seu cheiro moribundo trespasse-me o sabor dos seus lábios doces — trinco por entre dentes um pouco a sua carne — e a temperatura sobe mais um pouco, delirando-me por entre as suas curvas apertadas, descarrilo numa loucura que me faz gritar num som mudo. As respirações aceleram.
— Reduz a velocidade sedutora do teu corpo sobre o meu— imploro
Ela balança mais uma vez nos meus sonhos, sobre as minhas coxas, sobre a minha pele macia e alucina-me só mais um pouco numa viagem enlouquecida. Desliza pela minha pele húmida e beijo-lhe, só mais uma vez.
O seu corpo quente ferve por entre o meu em passos lentos e demorados pelos carris. O comboio estagna num último grito anunciado o fim da viagem.
Cláudia Lopes
Imagem retirada da Internet:
https://busy.org/@jamalgayoni/sebelum-kita-bertemu-cad3bb3326eb3
Imagem retirada da Internet:
https://busy.org/@jamalgayoni/sebelum-kita-bertemu-cad3bb3326eb3
Sem comentários:
Enviar um comentário