Tentei pegar na caneta para te escrever uma poesia, mas o cansaço penetrava-me a cada centímetro da ponta dos dedos até se encolher e os ossos protestarem numa dor lancinante. Optei por ligar o computador e as teclas atenuavam o formigueiro nos dedos. Lá estavas tu numa página vestida de azul, a tua fotografia aparecia do lado esquerdo do ecrã, estavas tão bela. Estavas online, mas achei por bem não te interromper.
Sentia o meu sangue vir ao de cima de fascínio por de ver depois de tantos meses de escuridão. Tinhas sempre esse efeito em mim que fazia com que o coração pulsa-se e fizesse a circulação seguir em sentido inverso ao habitual.
Mas o teu perfil estava tão perto de mim, e por sua vez tu também ali estavas. Sentia as pernas tremerem de adrenalina para te contar como tinham sido os meus últimos meses na tua ausência, mas a cabeça girava e girava e os meus olhos desfocavam de medo. Tinham medo pela primeira vez! Medo de negares-me uma palavra em resposta à minha história verídica, a da minha vida sem ti. Então penetrei no teu recanto, deslizei os meus dedos suavemente pelo teclado e escrevi-te uma pequena nota. Não iria querer estar a teu lado para te olhar à cara.
Olhar os teus traços longos
De contorno enredado na tua pele
As linhas rectas emaranhadas nas curvas
E a tinta seca escorrendo no contraste nos nós da mesa
Sobre as linhas do teu rosto sombreado pelo pincel
Corava-te a face de um rosa vivo
Onde os teus olhos olhavam os meus
No entardecer da saudade
Eram lágrimas que escorriam pelos meus olhos
Em pingos leves na obra que transluzia
Todo o amor por ti.
Esperaria a tua resposta em breve quem sabe talvez por comentário.
Cláudia Lopes
Imagem retirada da Internet:
https://www.pinterest.pt/pin/16607092345410575/
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